quarta-feira, 23 de outubro de 2013



Memórias de um beijo

A noite iniciava-se longa, tão longa que as horas não passavam. Em cima da mesa o tabuleiro e as duas canecas para o chá.
A ansiedade e nervosismo sentia-se a flor da pele. Perguntava ela; porque me sinto assim?... Somos apenas amigos, e não é um chá que vai mudar isso. Depois de algumas horas de espera, ele manda a sms.
Ainda me queres! Ela lê, e lhe responde… sim podes vir...
, estás a vontade.
Ela sai á porta e vê. Ao fundo da estrada um carro se aproxima. Ela fica trémula e sorri para o amigo que sai do carro. Cumprimenta-se com dois beijos de rosto, como dois amigos que são.
Ela lhe diz… Entra fica a vontade.
Os dois sentam-se no sofá á conversa, depois de dois dedos de prosa, entre aqueles dois amigos, ela sente-se ansiosa e diz-lhe com o sorriso… Anda vamos fazer o chá.
Vão para cozinha. Ela prepara o chá, ele encosta as costas a janela da cozinha, de frente para ela, enquanto o chá se faz voltam a conversar coisas banais.
Ela diz-lhe…Podes por a toalha em cima da mesa, sfv, para bebermos o chá.
Ele pega na toalha e estende-a ela chega com o tabuleiro, e olha-o fixamente ou profundamente, sente-se nervosa ansiosa, e nem sabe o que dizer.
Os dois amigos sentam se á mesa e o olhar dela para ele, é como dois cristais que brilham profundamente, olham-se o dois, ela fica incomodada e olha par a caneca onde coloca o açúcar.
Enquanto bebem o chá conversam sobre assuntos delicados, e tentam desqualificar os assuntos e pontos que tem que ser definidos… (como tinham combinado dias antes)
Ela escuta com atenção, e responde as perguntas que ele faz, no meios de perguntas e respostas ela começa a chorar e pede desculpa.
Ele pega-lhe no braço e lhe diz... podes chorar estás a vontade. Fica por segundos um sopro de silêncio onde só se ouve o choro dela.
Ela enxuga as lágrimas e lhe diz…
Desculpa eu prometi que não chorava.
Ele lhe diz… mas tu não podes prometer isso, ninguém controla.
Ela volta a olhar para ele, no meio do olhar, ele lhe diz-lhe… olhas-me profundamente.
Ela incomodada diz-lhe…
O meu olhar é assim, não tem nada de mais, tu e eu somos amigos.
Ele olha para ela e lhe diz… Já reparaste as vezes que falaste que somos amigos, já foram tantas.
Ela volta a olhar para ele nos olhos, e de repente olha o relógio diz...
Esta na hora de irmos dormir, mas muito ansiosa refere para que não exista dúvidas e ressalva, irmos não, mas sim ir, tu para a tua casa e eu na minha. Depois destas palavras começam a rir juntos.
Mais dois dedos de conversa e sentem-se bem, não querem ir embora ela lhe diz... gostei que estivesses cá. Gosto de ti, obrigada por me escutares nos momentos que estou sozinha.
Ele responde… os amigos são para isso, para os bons e maus momentos.
A companhia que fazem um ao outro, é um complemento para o coração de dois amigos sós.
Decidem então que ele, tem que ir embora, ele levanta-se e pergunta; dás-me um abraço?... Ela trémula e nervosa diz-lhe… claro que que sim.
Os dois amigos abraçam-se fortemente, e ao largar aquela abraço ele tenta procurar a sua boca, ela vira o rosto e lhe diz… Não me beijes.
Ele lhe pergunta; pensavas que eu, ia- te beijar? Ela responde envergonhada, sim pensei.
Ele volta a falar e diz-lhe; se pensas que eu ia- te beijar, é porque queres que eu te beije.
Ficam ali, olham-se em fração de segundos e ela beija-o, sem saber porque. O beijo é correspondido e demorado. Depois do beijo ela abraça-o e chora, chora, como se tivesse cometido um erro, ele pergunta; porque fizeste isso, e abraça-a com força e chama-lhe pelo nome. Júlia, Júlia, ela não responde e chora com mais intensidade e com um soluçar lhe diz, desculpa, desculpa.
Ele pede desculpa também e lhe diz…. Eu é que provoquei, desculpa vamos esquecer isto.
Ela pega na mãos dele sente o corpo desfalecer, ele pergunta, estas bem?...a resposta dela sai da sua boca… sim estou bem não te preocupes. Ele acha que ela não está bem, e volta a dizer... tu já viste quase caíste como podes dizer que estás bem.
A resposta dela e direta e simples. Só preciso de descansar nada mais.
Ele lhe diz… com uma voz suave, deixaste-me preocupado.
Ela volta a dizer, já é tão tarde podes ir embora eu fico bem vou me deitar.
Seguem os dois á porta. Ela fica a ver ele a ir embora e os dois dizem adeus.

Nota. Não vamos questionar, quem quis ou não beijar, foi apenas um momento que aconteceu.
E na boca dos dois, amigos o assunto morreu.

Autoria…Elsa Nunes.

20h43m
28-09-2013
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